Por Abdenaldo Rodrigues/Matões Notícias/Texto editado
O jornalista e escritor caxiense, Alberto Pessoa, filho do saudoso Sr. Zuzu e irmão do diretor do Departamento Municipal de Trânsito de Matões, Paulo Pessoa, presenteou os matoenses com uma bela crônica sobre o ex-prefeito do município de Matões, Alcino Pereira e Silva, que faleceu na última quinta-feira (29).
O Caboclo que virou Prefeito
Por Alberto Pessoa*
Lula Pereira: pelas veredas da vida
A bola corria pela lateral do campo no povoado Laranjeiras, município
de Matões e às vezes atrapalhava a aula naquela sala, que ficava ao lado
do comércio do fazendeiro e “coronel” Vicente Paulino, patriarca de uma
grande família que agregava a todos que ali buscavam aconchego. Era gente do Pau Darco, Infinito, Borges, Taboca, Buriti Frio, Quilombo
e até de Santa Luzia, Barra da Ininga, União, Atoleiro, Santo Antônio,
Novo Estado, Galos, Mucambo do Ferro, Mandacaru, Centro do Diamante,
Marinheiro e Sítio. Era costume dos jovens da Laranjeiras disputarem
partidas de futebol naquele amplo espaço que embelezava a Casa Grande,
além do forno de torrar farinha, o curral e o pomar com sua diversidade de
fruteiras. O menino acabava de tomar cinco bolos de palmatória e em
seguida ser obrigado a ficar de joelhos em caroços de milho por ter
“assoletrado” errado uma palavra da Cartilha, era assim o tradicional. A
bola entrou sala adentro e foi parar na frente do garoto choroso que
teve a oportunidade, com autorização da professora, de entregá-la de
volta àquele rapaz alto, forte, e mesmo com suor no rosto e
lambuzado de terra demonstrava um sorriso de fé e esperança. Era Alcino
Pereira, o Lula Pereira.
Acompanhado de sua parentela, vizinhos e
amigos desfrutavam daquele lazer após um árduo dia de trabalho na
lavoura, cultura passada de pai para filho. Lula como era carinhosamente
chamado tinha uma apatia diferente, todos o admiravam pela sua maneira
de ser: trabalhador, alegre, respeitador. Ainda cedo se casou com a dona
Dos Anjos e começou a formar uma família sob a égide de Deus. Os filhos
começam a vir ao mundo e serem encaminhados pelas veredas retas da
vida. Lula, mesmo sendo um caboclo da mão rachada pela labuta do dia a
dia gostava de ler e se informar e se sentia inconformado com o
tratamento que os políticos ofereciam aos moradores do extenso
município. Recebeu o poio dos familiares, principalmente dos filhos
maiores, Rubens e Zé Maria e partiu para uma façanha: ser prefeito de
Matões e foi.
Venceu as antigas correntes políticas ainda
lideradas por Mário Carvalho e alguma herança de Dozim Brito. Lula era
um líder nato e contribuiu para que seu filho, Rubens Pereira, fosse
também eleito como prefeito e depois eleito e reeleito
deputado estadual. Elegeu em seguida a esposa de Rubens, Suely, que está
no segundo mandato de prefeita, e o neto, Rubens Pereira Júnior, a deputado estadual.
Enquanto se preocupava em representar seu povo, Lula ensinava seus
filhos o caminho e estes não esqueceram as lições. Logo tinham em casa
os juízes Simeão Pereira e João Neto, e Paulo, Auditor de Controle
Externo do Tribunal de Contas do Maranhão. Antes de falecer, neste dia 29
de outubro, Lula ainda viu o seu neto Rubens Júnior, ex-deputado
estadual por dois mandatos obter uma cadeira na Câmara Federal para
defender seu estado e seu município. Lula venceu até a morte, pois tenho
certeza de que terá um lugar cativo nas fileiras da imortalidade em
Cristo Jesus.
* Alberto Pessoa é jornalista/Assessor de Imprensa da Prefeitura Municipal de Águas Lindas - GO